Mais uma vez, "o retorno".....

Written by Keninha on sexta-feira, janeiro 16, 2009 at 11:12:00

Bem, é a milésima (se não for mais) vez que inicio um blog, espero que dessa vez eu possa mesmo mantê-lo porque eu já cansei de começar e sempre ficar sem coisas interessantes para escrever com frequência.


Para abrir meus posts, vou colocar um texto que achei muito legal e que foi escrito pelo meu professor de literatura da faculdade (que foi também meu orientador de monografia, que paciência, hein?!rsss) Renato Alessandro. Para os que passarem por aqui, espero que gostem!!





A LITERATURA COMO VÍCIO





Eu nunca tive talento para tocar guitarra. Durante toda minha adolescência, eu bem que quis ser um grande guitarrista e tal, mas descobri que não levava jeito praquilo. Acho que esse é o motivo por que meu violão hoje convive, numa boa, com dois centímetros de poeira sobre si; que dó. Embora não me faça falta, nem por isso ele fica jogado num canto qualquer do quarto, a contemplar uma réstia de sol que lá continua a brilhar. Ele só fica ali, ao lado da cama, de boca aberta, esperando de mim uma dedicação de amor eterno que nunca vai ter, porque, como disse, eu nunca tive talento pra tocar guitarra. Na infância, competia com meu avô para ver quem estragava mais "Menino da porteira", aquela música caipira que ficou famosa com Sérgio Reis - Sérgio Reis! Olha só que beleza!


Nunca tive talento para coisa alguma. Na aula de educação fisíca, parecia um ponto de exclamação (!) assustado, um graveto magricela que jogava basquete tão bem quanto qualquer jogador da seleção brasileira na final da Copa de 1998, na França, naquele jogo em Ronaldo surtou. Sei... Acho que posso comparar o que brasileiros sentem pelo futebol à mesma paixão que os artistas, por exemplo, sentem pelo vinho, ou ao que pensam astrônomos e poetas a respeito de estrelas. Enfim, descobri que basquete também não era pra mim.


Se recordasse minha infância, me lembraria que fui goleiro do Santos, cientista louco, detetive, tripulante da frota estelar, guitarrista do Kiss e sabia que me casaria com a princesa Diane - porque, ela sabia, na verdade, que seu principe encantado não era o Charles, mas um garoto que amava o Gato Félix e o Sítio do Pica-Pau Amarelo, todo metido a engraçadinho, que vivia numa cidade do interior paulista tão divertida quanto uma reunião dos A. A.


Deixei a infância quando me tornei médico. Minha prima sempre era a paciente, mas hoje ela não se lembra mais disso. W. B. Yeats, um poeta irlandês do século 19, escreveu que a inocência e a beleza não têm nenhum inimigo, exceto o tempo. Imagino quantas crianças deixaram de ser crianças deixaram de ser crianças quando brincaram de médico pela última vez.


Bem, de qualquer forma, descobri que também não tinha o menor jeito com medicina, mas até hoje um médico vive a me perguntar se já me decidi pela carreira de cientista louco, de detetive ou de astronauta da NASA. Esqueci de contar a você que também quis ser astronauta. Puxa vida, como tomei refrigerante!


Foi na adolescência, quando comecei a ler os livros da Coleção Vaga-lume que descobri a literatura. Nunca me esqueci daquelas histórias: A ilha perdida, As aventuras de Xisto, O caso da borboleta Atíria, O escaravelho do diabo, O mistério do cinco estrelas, O rapto do garoto de ouro etc. etc. Havia outro livro muito legal, também, mas de outra coleção, O gênio do crime, com sua história sobre um metódico falsificador de figurinhas.

Adolescendo, descobri o terror com Stephen King e nunca me esqueço de uma noite em que lia O cemitério, em uma edição caindo aos pedaços da biblioteca municipal, na sala de casa, sozinho, com a dentadura a ranger como nos desenhos animados, quando Fernanda, uma amiga de minha irmã que era muito chata e diabolicamente irritante naquele tempo, abriu a porta de repente. Não era dessas portas comuns; era dessas portas de correr. Só sei que, com o barulho da porta, me pendurei no lustre, e no teto fiquei, quando ela entrou. Sempre fui muito medroso. Você já leu esse livro de Stephen King? Puxa, que bom! Então, sabe do que estou falando!

Acho que já li pelo menos umas trezentas vezes outro de seus livros. Pois a primeira vez que li A hora do vampiro devia ter entre quatorze ou quinze anos. Uau! Até hoje, é o melhor romance que conheço sobre essas singluares criaturas dentuças, quando não tenho mais dezesseis, idade de Holden Caulfield em O apanhador no campo de centeio, do excêntrico J. D. Salinger. É um romance que você deveria ler, sem dúvida, para se lembrar de como era difícil ser adolescente.

Vampiros, sempre me fascinaram. Tudo bem que o maior connaisseur e multiplicador do LSD nos anos 1960, Dr. Timothy Leary, lia Horácio e Sócrates na adolescência. De minha parte, eu ainda preferia o mundo a desvanecer aos poucos, com o crepúsculo a entorpecer o sol e, em seguida, na ponta dos pés, a desligar a luz do céu, tingindo-o com a noite, momento quando todos os verdadeiros heróis iriam combater vampiros louquinhos por uma jugular alheia. Ah! Esses seres notívagos a lamber os beiços, ansiosos para deixar bordadas duas marcas escarlates nos pescocinhos das donzelas de Salem's Lot!

Porém, Stephen King não escreveu somente histórias de horror. Ele e outro escritor, Peter Straub, fizeram muitas cabeças rodopiarem com a leitura de O talismã - isto é, qunando contaram a história de um garotinho, Jack Sawyer, que com doze anos inicia uma jornada não só de costa a costa pelos Estados Unidos, mas também pelos "Territórios", um mundo paralelo ao nosso planeta e situado na imaginação do leitor, talvez, ao lado da Terra de Oz.

A personagem Jack Sawyer sempre me lembrou o escritor beatnik Jack Kerouac, que também cruzou de ponta a ponta, no final da década de 1940, os Estados Unidos e o México, de carona, não em busca do mesmo talismã de Sawyer, mas à procura de uma América que ele leu em livros, como As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, que, para outro autor, Ernest Hemingway, foi a obra percursora de toda literatura norte-americana moderna. Dizem que Twain represntou melhor do que qualquer outro escritor a força do espírito libertário na literatura norte-americana. Jack Kerouac em On the road demonstrou esse mesmo espírito, com muito talento, e foi bem longe, tão longe como a personagem Jack Sawyer, de O talismã, de King e Straub também o foi.

Enfim, ler dever um prazer para o leitor. Não importa que seja o puro entretenimento de Stephen King ou as clássicas aventuras contadas por Mark Twain. Não importa. Da mesma forma que fumamos um cigarro e, com isso, descontamos minutos valiosos de nossa biografia pessoal, somos pegos em flagrante, quando nos damos conta de que literatura nada mais é do que um vício. Nesse caso, ser um junkie, um viciado, submerso nas páginas de um livro, é um raro prazer.

Será que temos alguma coisa em comum? (Renato Alessandro)

E eu respondo, eu tenho algo em comum!!!!rssss.... Podem acreditar, meu violão tbm ficou cheio de poeira e eu nunca aprendi a tocar, como me arrependo de não persistir nisso, talvez não seja tarde demais, mas...... E a leitura, eu estou de acordo, Coleção Vaga-Lume era o melhor, li muitos livros da série, e lia também os do Pedro Bandeira que saiam por outra coleção que não lembro o nome. Já Stephen King, também foi paixão a primeira leitura! Comecei também por O cemitério, realmente assustador, e agora leio tudo que posso desse grande autor.

Também tive experiências de susto ao ler King, mas a pior dela foi quando eu lia Casa negra, a casa em silêncio total, eu lendo no quarto, concentrada naquelas coisas mais sinistras, meu irmão abre a porta do quarto e dá um grito, acho que só não morri de susto naquela hora porque não era pra morrer.

Bom por hoje fico por aqui e até a próxima!!!


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